- A bactéria responsável pela doença pode sobreviver no ambiente por até seis meses
- Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial endossa a dispensa de exames diante da falta de testes e mais demora na entrega dos resultados no Sul
As enchentes no Rio Grande do Sul afetam milhares de pessoas, trazendo consigo também perigos para a saúde, sendo um deles a leptospirose. Transmitida por meio do contato com a urina de animais infectados, como os ratos, a bactéria leptospira spp, pode sobreviver por até 180 dias (cerca de seis meses) no ambiente. Por isso, deve-se continuar com medidas de precaução para evitar a doença após o fim das enchentes. Conforme o mais recente relatório do Ministério da Saúde (MS) sobre a leptospirose no Brasil, 44% dos casos confirmados estão relacionados à infecção por água ou lama de inundação.
Andre Doi, patologista clínico e diretor científico da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), explica que há exames específicos para o diagnóstico da leptospirose, mas que, nesse momento, no Rio Grande do Sul, é fundamental considerar o histórico epidemiológico e exposição do paciente para suspeita da infecção.
"Os exames laboratoriais são importantes para o diagnóstico da doença. Entretanto, o tratamento e profilaxia, quando necessários, devem ser realizados com base na história clínica e epidemiológica, além de sinais/sintomas apresentados pelo paciente. Esta é a recomendação da SBPC/ML frente à elevada demanda pelos exames diagnósticos e escassez de testes, redução local da rede laboratorial disponível e maior tempo de resposta para os resultados", destaca o patologista clínico André Doi.
Como identificar - Os sintomas comuns da leptospirose incluem febre alta, dores de cabeça, calafrios, dores musculares, vômitos e icterícia, caracterizada pela pele amarelada e olhos avermelhados. Entretanto, esses sinais podem ocorrer em diversas doenças infecciosas.
Mesmo após a diminuição do nível d’água nas cidades do Rio Grande do Sul, a leptospirose ainda pode ser contraída, já que os cidadãos ainda podem permanecer expostos a locais contaminados. Por essa razão, é importante que as pessoas usem vestimentas impermeáveis, como botas e roupas protetoras, luvas e sacos plásticos quando forem limpar suas casas, por exemplo. Superfícies molhadas se tornam propícias para a sobrevivência da bactéria da leptospirose também. Evitar o contato com água e lamas suspeitas de contaminação e não deixar que as mãos e os pés fiquem molhados por muito tempo são formas de prevenção. “A bactéria pode penetrar no corpo através da pele ou mucosas como nariz e boca, facilitando a disseminação da doença”, explica Doi.
Ainda não há vacina disponível para a doença e o tratamento da leptospirose baseia-se na antibioticoterapia. "Em alguns casos, a administração profilática de antibióticos é indicada após exposição à água contaminada", destacou o especialista da SBPC/ML.