A vigilância genômica, a agilidade diagnóstica e os protocolos avançados são cruciais para enfrentar os patógenos emergentes

Por Carolina dos Santos Lázari

A Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou recentemente sua lista de patógenos com maior potencial para desencadear uma nova pandemia, dobrando o número de agentes em comparação com listas anteriores. A próxima pandemia é uma certeza; só não sabemos quando. Essa nova lista, que inclui mais de 30 vírus e bactérias, destaca a complexa combinação de fatores biológicos e ambientais que aumentam o risco de novas pandemias.

Os vírus RNA, como o da gripe aviária H5N1, e o vírus da dengue, estão entre os mais preocupantes. Esses vírus têm uma alta taxa de mutação, o que lhes permite adaptar-se rapidamente ao organismo humano, facilitando a transmissão e a resistência à resposta imune. Essas características, combinadas com fatores como mudanças climáticas e a urbanização, criam um ambiente propício para a proliferação de doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue e chikungunya.

O aumento do número de patógenos na lista da OMS também implica desafios significativos para os laboratórios clínicos. A falta de kits diagnósticos comerciais para muitos desses agentes torna essencial o desenvolvimento de testes in-house, uma tarefa que demanda recursos e tempo. A necessidade de os laboratórios se anteciparem, validando previamente exames que possam ser úteis em uma crise futura é iminente. Além disso, a vigilância constante dos resultados laboratoriais é crucial para identificar surtos emergentes de forma precoce e coordenar uma resposta eficaz.

A vigilância genômica é outra ferramenta essencial na detecção e controle de patógenos em rápida evolução. O sequenciamento genômico permite monitorar mutações que podem impactar a eficácia dos testes diagnósticos e das vacinas. As tecnologias avançadas, como a PCR em tempo real, dependem do conhecimento detalhado do genoma dos agentes, o que exige um investimento contínuo em pesquisa e desenvolvimento.

O relatório da OMS serve como um alerta: a preparação e a capacidade de resposta rápida são fundamentais para mitigar os impactos de uma nova pandemia. Os laboratórios clínicos, em particular, desempenham um papel crucial nesse processo, desde a validação de testes diagnósticos até a colaboração com agências de vigilância epidemiológica. Ao se anteciparem às ameaças, os laboratórios podem ajudar a controlar futuros surtos e, possivelmente, prevenir a próxima pandemia.

*Dra. Carolina dos Santos Lázari é médica infectologista e patologista clínica membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML)