Médico especialista em toxicologia, Dr Alvaro Pulchinelli Júnior alerta que exames laboratoriais devem ser feitos na busca do tratamento mais adequado a um paciente intoxicado.
O Anuário da Associação Brasileira de Combate à Falsificação, divulgado essa semana, sinalizou que o Brasil perdeu R$ 345 bilhões em 2022 por causa da pirataria e o setor de bebidas é o segundo mais prejudicado. Além do enorme impacto à economia nacional, consumir produtos falsificados, como alimentos com defensivos agrícolas e bebidas, pode colocar seriamente a saúde em risco.
No caso das bebidas alcoólicas falsificadas, é comum encontrar substâncias tóxicas desconhecidas como, por exemplo, o metanol, que, dependendo da quantidade, pode levar o consumidor a óbito. Para custear a produção e obter uma grande margem de lucro, os fabricantes deste tipo de bebida costumam adicionar diversos tipos de substâncias químicas aos produtos que são maléficos à saúde, como componentes de produtos de limpeza e de lavagem de automóveis, removedores de esmaltes, dentre muitos outros.
“Essas substâncias químicas utilizadas no lugar do álcool etílico podem até causar os efeitos gerados pelo álcool como a sensação de embriaguez. Mas também podem levar a problemas de saúde como dores abdominais, vômitos, tonturas e sonolência, além de sequelas mais graves. O metanol, por exemplo, pode causar cegueira permanente, crises renais e morte. Outro ponto relevante é que nos casos de intoxicação por um produto pirata, os médicos podem ter dificuldades para tratar o paciente, já que não sabem qual é a real formulação da bebida ou alimento ingerido. Exames laboratoriais devem ser feitos na busca do tratamento mais adequado a um paciente intoxicado”, ressalta o médico toxicologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/ Medicina Laboratorial (SBPC /ML), Dr. Álvaro Pulchinelli Júnior.
Já o uso de defensivos contrabandeados e falsificados coloca a saúde das pessoas em risco e causa graves consequências para a flora e fauna. Além do risco de intoxicação da água, dos trabalhadores e dos produtores. “Por isso, alerta-se aos produtores que estejam atentos aos rótulos sem erros de digitação e lacres de segurança, além de selos metalizados. Usar produtos falsificados é crime”, finaliza.
Fique alerta!
- Escolha lugares confiáveis para comprar suas bebidas. Dê preferência a grandes lojas ou sites conhecidos e evite adquirir de terceiros ou em estabelecimentos pequenos e duvidosos.
- Desconfie de preços muito baixos. Saiba diferenciar valores promocionais de descontos exorbitantes. No caso de bebidas raras e, consequentemente, caras, esse cuidado deve ser redobrado.
- Cheque o lacre. No Brasil, as bebidas alcoólicas precisam apresentar o selo do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado). Se a garrafa não tiver esse selo, significa que pode se tratar de uma bebida falsificada ou contrabandeada. Verifique também se o lacre que vem na boca da garrafa está intacto.
- Sinta o cheiro. Desconfie de bebidas que tenham cheiro muito forte e desagradável de álcool.
- De preferência a alimentos orgânicos, livre de defensivos agrícolas.
Veja a reportagem com participação do Dr Álvaro no Jornal Hoje: