Neste primeiro dia do 55º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, em São Paulo, uma mesa redonda formada em sua maioria por líderes femininas de grandes organizações de saúde do país apresentou as principais tendências na gestão laboratorial. A revolução digital e as transformações que promovem na saúde estiveram em destaque nas apresentações de Flávia Camargo, gerente médica de pacientes crônicos do Hospital Israelita Albert Einstein; Flávia Helena Silva, gerente médica de dados do Grupo Fleury; Ana Flávia Briceño, gerente de desenvolvimento humano do Grupo Sabin; Simone Marques, psicóloga ocupacional do Laboratório Ruth Brazão; e Marcelo Lorencin, diretor institucional da Lis Brasil.
A tecnologia revolucionou a forma de se consumir música e filmes. Com a saúde não poderia ser diferente. Por meio desse paralelo, Flávia Camargo abordou as transformações digitais na jornada do paciente e o caminho percorrido pelo Hospital Albert Einstein desde 2019 até os dias atuais, momento em que estão construindo um portal único para oferecer a melhor experiência ao paciente.
Flávia pontuou que durante toda essa jornada, a voz do cliente sempre esteve no centro das atenções. O Einstein conta com 114 pacientes em seu conselho consultivo, que atuam como eixos fundamentais da transformação digital.
Indo além, detalhou os processos da escalada digital e o plano de implantação, bem como o envolvimento das áreas e das pessoas para um resultado o mais consistente possível, que ainda está por vir. A especialista chamou a atenção para as novas tecnologias: ‘“ elas pedem a desburocratização e a facilidade de conexão do paciente aos serviços”, pontuou.
Inovação de “dentro para fora”
A importância de acessar o processo criativo dos colaboradores foi o fio condutor da apresentação da gerente de Dados/Analytics do Grupo Fleury. Sob o tema “Design centrado em pessoas e Analytics para ativar a rede criativa”, ela mostrou como a empatia e o olhar atento aos colaboradores pode ser revolucionário e também uma fonte de criatividade dentro da organização.
Gerar indicadores para serem utilizados com objetivos claros, manter a rede em sintonia e descobrir o propósito em comum da equipe têm sido práticas recorrentes com resultados muito positivos no Grupo Fleury.
‘É preciso que a gestão permita às pessoas inovarem. E o Grupo Fleury tem se beneficiado de dados gerados por indicadores que incentivam o olhar aos pontos positivos de seus colaboradores, para poderem buscar soluções de melhora aos pontos negativos”, afirmou.
Os dois pilares da gestão: empresa e pessoas
Também colocando as pessoas no centro da estratégia da gestão, Ana Flávia Briceño, psicóloga e gerente de Desenvolvimento Humano do Grupo Sabin, falou sobre a “Gestão de performance para alavancar resultados”.
“A gestão de talentos envolve um direcionamento para onde ele quer ir”, sugeriu a psicóloga, acrescentando que, muitas vezes, o colaborador pode não estar ciente de seus próprios talentos. “Isso apoia a organização ao alcance de seus desafios estratégicos”.
Ana Flávia comentou que uma escuta ativa e um feedback recorrente da gestão são fundamentais, aumentam o engajamento do colaborador e fortalecem o vínculo com a organização. “Isso impacta na gestão e norteia as ações de desenvolvimento. É preciso haver a cultura do diálogo dentro das empresas”, finalizou.
É preciso apoiar a saúde mental do colaborador
Após a pandemia, estudos apontam que houve um aumento de 25% na prevalência de ansiedade e depressão no mundo. De acordo com a psicóloga Simone Marques, do Laboratório Ruth Brazão, o retrato atual da saúde mental dos colaboradores não se mostra nada favorável.
“Hoje não interessa saber se o transtorno psíquico foi desencadeado dentro do ambiente de trabalho ou fora”, enfatizou. “Entender o limite do outro. As lideranças precisam olhar cada vez mais para isso”, acrescentou.
Um importante ponto destacado pela psicóloga é que as organizações estabeleçam metas que possam ser atingidas, pois do contrário, só causam frustrações aos seus colaboradores.
Por outro lado, o cenário favorável à saúde mental é que cada vez mais a psicologia está sendo aceita nos ambientes corporativos. A psicóloga ainda destacou a segurança psicológica como uma das novas tendências nas empresas.
Business Intelligence: ferramenta não é mágica
A importância das soluções e as suas aplicações no contexto laboratorial foram as principais abordagens de Marcelo Lorencin, diretor institucional da Lis Brasil, na apresentação “Sistemas de B.I.”.
Com o foco em Business Intelligence (BI) e Business Analytics (BA), o especialista mencionou que os indicadores são um dos mais importantes recursos de uma organização. “Quando bem utilizados, mostram o real valor do BI, impactando na capacidade de tomada de decisão”.
Mas, para usufrui-los é preciso experiência: “quanto mais madura a organização, mais valor se captura de uma ferramenta”. De acordo com ele, os dados podem contribuir decisivamente para maior ou menor competitividade.
Lorencin apontou que, infelizmente, ainda há no Brasil uma cultura de coleta de dados sem saber aplicá-los como ativos essenciais e hoje o grande desafio é entender