A mesa redonda composta para avaliar o estado da arte em avaliação da função renal discutiu marcadores da insuficiência renal crônica, de avaliação da função renal e limites de marcadores comuns como a creatinina. A mesa foi coordenada pelo professor Adagmar Andriolo
O dano renal passa a ser considerado crônico quando o paciente tem mais de três meses de sintomas. A filtração glomerular é um dos critérios mais significativos para a avaliação da função renal, mas essa medição nem sempre é adequada. Primeiramente porque se trata de um tratamento caro e executado em poucos laboratórios no Brasil. E em segundo lugar, porque, depois de injetar o líquido (inulina) no paciente, é preciso acompanhar a excreção do mesmo - que pode ser através da urina - e chega a durar cerca de seis horas.
Embora a creatinina seja um marcador de fácil acesso, a sua capacidade de medir a função renal é um pouco limitada. Proteinúria e albuminúria são outros marcadores importantes para avaliação de dano renal. Conforme explica Alcântara, a urina contém uma série de proteínas que se alteram a depender das condições de saúde do paciente. A albumina é uma das proteínas que se alteram conforme a ingestão de água feita pelo paciente. Por outro lado, existe um padrão internacional, tornando o exame mais padronizado.
Existem três maneiras de dosar a urina: urina de 24 horas, urina de 12h e urina isolada. A de 24 horas é o padrão ouro, mas muito difícil de ser colhida. E os resultados podem variar muito de um para outro e também de um laboratório para outro, segundo apontou o nefrologista dr. Marcelo Mazza, em sua apresentação “Visão do nefrologista sobre como utilizar os marcadores de função renal na prática clínica”.
“Acontece do paciente vir de um resultado de creatinina 1, em um laboratório, e 1.3 em outro. Ou seja, de uma consulta para outra, ele passou de um paciente com função renal normal para insuficiência renal”, diz.
Na apresentação “Atualização sobre cálculos para estimativa de filtração glomerular”, o médico patologista clínico, dr Luiz Gustavo Côrtes, demonstra algumas fórmulas para analisar o quanto o rim está filtrando de sangue e se está cumprindo o papel dele de excreção de urina. Essas fórmulas são feitas a partir da dosagem de creatinina, um biomarcador de função renal.
“Existem outras substâncias para fazer essa medição, mas as que conhecemos hoje são marcadores exógenos, muitas vezes difíceis de serem medidas, caras, exigem que sejam injetadas no paciente e são passíveis também de ter efeitos colaterais. Então, as fórmulas vêm para substituir o que seria considerado um padrão ouro e dar uma estimativa para o médico que atende esse paciente como está o rim dele, a partir dessas fórmulas de cálculo das taxas de filtração glomerular”, avalia Côrtes.
Na apresentação “Biomarcadores de função renal e de lesão renal aguda”, o médico patologista clínico, Carlos Giafferi, aponta as diferenças entre os tipos de marcadores para função renal versus lesão renal aguda. Para a função renal, os marcadores indicam o desempenho geral dos rins, avaliam a capacidade de filtração glomerular e, por serem utilizados há décadas, o uso já está estabelecido.
Para a lesão renal aguda, os marcadores estudados são relativamente novos e ainda se estuda a relevância clínica.
Uma das novidades, citada por todos os pesquisadores, a cistatina C como um biomarcador que sofre menos interferências que a creatinina, por não sofrer influência da massa muscular, idade e gênero do paciente - não funciona para lesão renal aguda. Para esses casos, Giafferi aponta outros biomarcadores, tais como, NGAL, KIM-1, Il-18, MicroRNA urinário, entre outros.