O 1º Congresso Virtual da SBPC/ML trouxe uma palestra dedicada a esclarecer pontos relevantes sobre o teste RT-PCR, considerado o padrão ouro quando utilizado para o diagnóstico do SARS-CoV-2. As informações foram passadas pelo diretor de operações do Grupo Pardini, Dr. Guilherme Collares, ao apresentar o tema “Testes moleculares para COVID-19: do pré ao pós-analítico”.

O médico explicou que o RT-PCR é o teste de escolha para os pacientes que estão na fase aguda da doença e deve ser realizado o mais precocemente possível, até 14 dias (preferencialmente entre o terceiro e quinto dia do início dos sintomas).

“É importante ressaltar que todo exame laboratorial deve ser complementar a uma clínica bem-feita. Em uma suspeita forte de infecção da COVID-19, o teste negativo deve ser realizado novamente um ou dois dias depois. Com um resultado repetidamente negativo, a infecção é excluída, sendo positivo, se confirmará a doença”, explicou Guilherme.

O exame RT-PCR pode dar negativo, por vários fatores, entre eles os pré-analíticos, nos quais se enquadram a coleta inadequada, contendo pouco material do paciente, além da conservação e transportes inadequados da amostra. Os fatores analíticos, envolvem possível mutação viral, presença de inibidores de PCR na amostra ou carga viral abaixo do limite de detecção do teste. Já os fatores biológicos dependem do tipo de material usado sendo a positividade maior em amostras do trato respiratório baixo; do período em que as amostras foram coletadas e da flutuação da carga viral.

Outra utilidade do teste é no rastreamento da doença em contatos de pacientes com diagnóstico. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o contato com qualquer pessoa com diagnóstico de COVID-19, com uma distância de até seis pés, ou dois metros, por mais de 15 minutos no período de dois dias antes do aparecimento de sintomas até o final do isolamento deve ser testada.

Sobre os protocolos de abertura, o Dr. Guilherme disse que as pessoas que não tiveram sintomas e nem contato com infectados também podem ser testadas, com o objetivo de barrar a doença em áreas de transmissão comunitária, como por exemplo, no caso de não ser possível manter o distanciamento.

Também podem ser feitos em trabalhadores que encontram-se, em áreas remotas de trabalho e que a avaliação médica ou tratamento não podem ser feitos no tempo adequado, aos profissionais que atuam nos serviços de alta prioridade e que não podem ser descontinuados, além dos locais de trabalhos em que os profissionais ficam alojados, como fazendas e plataformas de petróleo.

Diante disso, como testar? O especialista afirma que o ideal seria testar periodicamente, inclusive os novos colaboradores e os que estão voltando de uma ausência prolongada.

“Tudo depende da disponibilidade do teste, do tempo de latência (pelo menos sete dias) semanal e locais com alta taxa de infectados”, afirmou o médico.

O doutor ainda acrescenta outro fator de extrema importância.

“Mas mais importante do que isso, antes de testar um grande número de trabalhadores assintomáticos, sem exposição ou suspeita, é recomendado que os empregadores tenham um plano de como eles irão modificar as operações com base nos resultados dos testes”, concluiu Guilherme.