O Dr. Carlos Eduardo dos Santos Ferreira, presidente da SBPC/ML, apresentou uma palestra dedicada aos impactos que a COVID-19 tem no coração. Com o tema “Complicações sistêmicas da COVID-19 em pacientes cardiopata”, ele trouxe uma série de reflexões sobre a troponina.

Do ponto de vista clínico, o SARS-CoV-2 é uma doença que acomete pessoas com uma faixa etária mais alta, a partir da quinta década de vida, com doença cardiovascular prévia ou mesmo hipertensão. A sintomatologia e a mortalidade para elas são maiores em relação aos jovens.

Sobre a injúria cardiovascular, o médico explica que ela pode acometer os cardiomiocitos, causando desde hipertrofia, degeneração e até necrose.

“Para isso, temos alguns biomarcadores que podem ser úteis no segmento desse paciente, com destaque para o as troponinas T e I, o NT-proBNP e o BNP. A troponina é um biomarcador que eu gosto bastante. Ele pode ser importante marcador de prognóstico, mesmo para outras patologias”, explicou o Dr.

Qualquer acometimento, direto ou indireto do cardiomiocito, faz com que ocorra a liberação da troponina na corrente sanguínea.

“Os fatores são inúmeros. A partir do momento que temos essa injúria miocárdica causada por vários fatores, aqui colocaria a miocardite, a gente tem sinais de injúria miocárdica aguda. Quando o paciente mostra sinais de isquemia, aí ele está evoluindo para um quadro de infarto. Isso também pode ser evidenciado no curso da COVID-19”, afirmou o médico.

Segundo o especialista, o paciente pode ter o acometimento de miocardite com um quadro de extensão de cardiomiocito com certo grau de insuficiência cardíaca abrindo, então, um quadro de com infarto agudo do miocárdio. Por isso se faz importante a mensuração da troponina.

A respeito da síndrome coronariana aguda, Dr. Carlos afirma que se um paciente estiver evoluindo para um quadro de infarto do miocárdio, a troponina deve ser solicitada. Se for de alta sensibilidade, o intervalo deve ser de 0 e 1h, avaliando deltas de variação entre uma dosagem e outra. A avaliação de prognóstico também pode ser feita em outra patologia cardíaca, a principal delas no momento, a miocardite viral causada pelo Sars-CoV-2.

“Quem tem troponina alta morre mais, independente da patologia, isso é fato. É um marcador excelente de prognóstico. A maior mortalidade se caracteriza por pacientes com altos índices de troponina, entre eles os que estão hospitalizados”, comentou Carlos.

Sobre a retomada do exercício, na pós-COVID-19 em pacientes que testaram positivo e negativo, sendo sintomáticos ou assintomáticos, se coloca a utilização da troponina para a avaliação do retorno.

“É pedido repouso de 15 dias após término dos sintomas, o retorno precisa ser gradual, a dosagem de troponina avaliada, deve ser feita a avaliação do eletrocardiograma de acordo com o critério de retorno para atividade. Pacientes com alteração cardíaca de troponina durante a internação devem seguir os protocolos de retorno e de pacientes com miocardite”, finalizou o presidente