Na última quinta-feira (9/9), o Dr. Guilherme Birchal Collares mediou a mesa redonda “Novos desafios em inovação, pesquisa e desenvolvimento pós-pandemia”, durante o 2º Congresso Virtual da SBPC/ML.

O primeiro a falar foi o Dr. Alessandro Ferreira, que palestrou sobre as “Inovações em Laboratório de Apoio”, falando sobre a importância de se fazer o transporte adequado das amostras coletadas dos pacientes. De acordo com o médico, os desafios em saúde passam pela questão financeira, ou seja, se o paciente pode comprar o serviço em saúde e arcar com as despesas, e se a aplicabilidade de determinada tecnologia na saúde aposentará a tecnologia antiga. 

O médico salientou que o Brasil é vasto, com infraestrutura desigual entre estados e explicou, também, sobre a importância de o profissional de saúde ter uma boa formação e a capacidade de interpretar os procedimentos adequadamente.

“A coleta do paciente envolve educação e treinamento pelo profissional de saúde, pois são muitos itens que precisam ser levados em consideração, como o armazenamento das amostras, o tempo de estocagem para que não haja perda ou comprometimento na geração do resultado para interpretação médica”, finalizou Alessandro. 

O médico patologista clínico Dr. Cristóvão Luis P. Mangueira falou sobre “Inovações em laboratório hospitalar” e começou sua palestra falando sobre os diferenciais entre os laboratórios de hospital para os de rua. Ele salienta que esses Núcleos Técnico-hospitalares (NTC) obrigatoriamente precisam ter respostas rápidas para suportar a prática clínica dentro do hospital, por estarem diante de casos graves de doenças. Mas geralmente têm um portifólio de exames mais restrito, onde executam apenas exames importantes para os pacientes internados ou que estejam no pronto atendimento.  

“O laboratório também precisa preocupar-se em realizar o exame certo, na hora certa e no lugar certo, porque isso terá repercussão no modelo dos exames e precisa conversar muito bem com o corpo clínico do hospital”, destacou o médico.

De acordo com o especialista, não se pode esquecer que o hospital é propício para que se consolidem dados clínicos do paciente. Podem ser feitos quaisquer exames durante a internação e, por isso, o dado laboratorial pode ser mais rico, visto que é mais correlacionado com os dados clínicos do paciente.

“É importante que os hospitais tenham controle desse patrimônio de dados e a correta monetização desses dados para manter o sistema funcionando”, explicou Cristóvão.

Durante a mesa redonda, o biólogo Gustavo Stuani abordou sobre a “Inovação e resiliência pós-covid-19”. Gustavo destacou os ambientes de ruptura em virtude da pandemia, salientando que a primeira ruptura está relacionada à demanda, ou seja, os hospitais ficaram cheios, sem testes e as pessoas precisaram permanecer em isolamento. 

A segunda foi em relação a cadeia de suprimento. Apesar de os estoques de testes estarem cheios no início, não havia os específicos para covid-19 para processar. Além disso, existia a escassez de EPIs o que deixava o ambiente complexo.

A terceira ruptura está ligada ao ponto de vista psicológico. A ciência não tinha alcançado sobre as consequências da covid-19, assim os colaboradores de empresas enfrentavam o medo da perda de emprego e da morte. 

“Vimos grandes auditorias criando mapas de reestruturação, resiliência, também observamos a aceleração dos processos digitais, que era fundamental para a recuperação das operações. O caminho parece simples, mas ser digital não é fácil”, explicou o biólogo.

 

Embora tudo tenha sido muito rápido, há dificuldades em tomadas de decisões com base em tecnologias digitais e é muito difícil criar cenários futuros. Além disso, ser digital custa caro e existe o desafio em se mover das plataformas piloto para as escaláveis.

 

Por fim, o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), Dr. Gustavo Campana, palestrou acerca do tema “Investindo em Startups”. A inteligência artificial (AI) está cada vez mais auxiliando os médicos em diagnósticos e condutas terapêuticas. A internet das coisas e a captação de dados ou por mobile health vão ser estruturantes para usar ainda mais a IA, a fim de oferecer mais saúde para os pacientes. A telemedicina, por exemplo, é uma realidade e está deixando de ser uma tendência.  

Entre os tipos de inovação em saúde estão as tecnologias assistenciais, as novas drogas, os testes de diagnóstico de covid-19, o que foi extremamente importante, as devices medicals focadas em captação técnicas cirúrgicas e os softwares. 

“Quando falamos em startups trazemos o conceito de inovação aberta. A fechada se limita à corporação, ou seja, as ideias são internas e coloco os produtos e serviços provenientes delas no mercado. Já a aberta extrapola os limites da empresa, isso quer dizer que eu trago ideias externas e levo as internas em colaboração com startups e academias”, destacou Gustavo. 

De acordo com o vice-presidente da SBPC/ML, “o investimento em startups brasileiras amadureceu e cresceu muito nos últimos anos – quase 5.2 bilhões entre 2020 e 2021”. 

As 747 health techs existentes no País estão segmentadas em diversas áreas, entre elas a de telemedicina, farmacêutica, diagnostica, e cada vez a biotecnologia tem sido fundamental na inovação do setor de medicina laboratorial. 

O Dr. Gustavo concluiu sua apresentação mostrando que as startups com maior presença na área da saúde são as voltadas a Market Place, negócios de saúde, gestão e prontuário eletrônico, adesão terapêutica, conteúdo, IA e Big Data, farmacêutica e diagnostico.