A mesa redonda "Biomarcadores da função renal: do velho ao novo", do 54º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (CBPC/ML), discutiu alguns marcadores e procedimentos classicamente utilizados para a avaliação das funções renais e apresentou dois novos marcadores, ainda pouco difundidos em nosso meio. 

Os Drs. Adagmar Andriolo, editor Chefe do Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial (JBPML) e membro da Academia de Medicina do Estado de São Paulo (AMESP); Kaline Nogueira de Lucena, médica Patologista Clínica pela FMUSP e presidente Regional da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial SBPC/ML) do Rio Grande do Norte; Flavio Ferraz, diretor médico e sócio-diretor do Instituto de Análises Clínicas de Santos (IACS) e Bento Fortunato, coordenador Médico do Centro de Dialise Einstein e Nefrologista do Hospital Israelita Albert Einstein, enfatizaram a importância em se detectar, precocemente, e de forma muito precisa, qualquer grau de lesão renal.

As doenças renais incluem uma série de condições clínicas agudas e crônicas, sendo que a medicina laboratorial oferece recursos relevantes para diagnóstico precoce, definição de risco, estadiamento, estabelecimento de prognóstico e monitorização. Os parâmetros de maior significância são a medida ou estimativa da taxa de filtração glomerular e a avaliação da perda proteica na urina pela medida de albumina ou de proteínas totais.

Foi discutido, inicialmente, o papel da ureia, o primeiro marcador de função renal. Ela é o maior produto final do catabolismo das proteínas nos seres humanos, sendo a forma de eliminação de, aproximadamente, 75% de todo o nitrogênio produzido pelo organismo. Dadas as características de produção e forma de eliminação do organismo, apesar de historicamente ser utilizada, a ureia não é um bom marcador de doença renal, sendo amplamente superada pela medida da concentração de creatinina.

A Cistatina C é uma proteína de baixo peso molecular e, diferentemente da creatinina, mais comumente utilizada, tem a concentração no soro menos dependente da idade, sexo, etnia, dieta e massa muscular, sendo mais sensível para a avaliação da função de filtração glomerular. No caso da N-GAL, (Lipocalina Associada à Gelatinase Neutrófila), proteína ligada à gelatinase que possui elevada sensibilidade e se altera de dois a quatro dias antes da creatinina.

Os palestrantes concluíram que os exames laboratoriais disponíveis hoje são suficientemente adequados para monitoramento do paciente com algum grau de doença renal já instalada, identificando, com alguma fidelidade, variações da atividade de lesão, mas possuem baixa sensibilidade para o diagnóstico precoce da doença renal incipiente.