Pensar em coleta de sangue sem jejum. Essa foi a reflexão que o médico cardiologista Borge Nordestgaard, da Dinamarca, fez na segunda Conferência Magna do 52° CBPC/ML, em Florianópolis. Com o tema -Fim do jejum – visão geral do mundo-, ele apresentou as atuais publicações sobre o assunto e destacou que algumas sociedades médicas já recomendam realizar exames sem qualquer interrupção na alimentação.

Nordestgaard citou o Consenso Brasileiro para a Normatização de Determinação Laboratorial do Perfil Lipídico, organizado por sete sociedades médicas, entre elas a SBPC/ML. A diretriz destaca a flexibilização do jejum para a avaliação do perfil lipídico, recomendações para o atendimento do paciente no laboratório clínico, de modelo do laudo laboratorial e sobre fórmulas e dosagens de LDL-C. O documento foi feito em 2017 e pode ser baixado em “pdf” na Biblioteca Digital SBPC/ML.

O coordenador desta segunda Conferência Magna, Carlos Eduardo Ferreira, Diretor de Ensino da SBPC/ML, explicou que é muito importante disseminar esse novo conceito. Segundo o patologista clínico, é uma quebra de paradigma que precisa ser consolidada na sociedade científica nacional e nos laboratórios clínicos.

“Foram 45 anos realizando exames com jejum de 12h a 14h, o que não mostrava a realidade do paciente. Não estamos habituados a ficar esse período sem se alimentar. Por isso, quando dosávamos o perfil lipídico do paciente não tínhamos o resultado real. Se ele faz, constantemente, uma dieta rica em gordura deve-se colher o exame diante desta dieta. Não adianta ficar três meses se alimentando de forma errada e uma semana antes da coleta fazer uma interrupção. Esse processo dificulta a avaliação do médico. A coleta sem jejum traz o nível real do perfil lipídico do doente”, afirmou Carlos Eduardo.

Veja fotos no Flickr do 52º CBPC/ML em flickr.com/sbpcml.

Texto: Patrícia Bernardo/DC Press