Confira entrevista dada pelo vice-presidente da SBPC/ML, Dr Álvaro Puchinelli, à imprensa.

- Quais tipos de exames passam a ser permitidos em farmácias e consultórios?
Os exames que passam a ser permitidos em farmácias e consultórios são aqueles testes rápidos onde não deve haver a manipulação de amostras como centrifugação e a coleta de amostras de material biológico como urina. São testes basicamente focados para triagem e da modalidade testes rápidos.


- Os exames fora dos laboratórios substituem a consulta inicial à um médico, que costuma recomendar e analisar os resultados?
Os exames realizados fora do laboratório, de forma alguma, substituem a consulta com um médico. Eles não têm essa capacidade, não têm essa pretensão. De modo geral, os exames devem ser solicitados após a consulta ao médico, onde o médico após retirar uma história clínica, examinar o paciente, vai tecer algumas hipóteses e, se necessário, solicitar a realização de exames complementares. Então, esses exames feitos em outros ambientes não substituem, de maneira nenhuma, a consulta médica.


- Antes desta nova resolução, quais eram os exames já realizados em farmácias e consultórios?
Antes dessa nova resolução publicada pela Anvisa, apenas dois exames eram possíveis serem realizados fora dos laboratórios em consultórios ou farmácias. O primeiro é o teste de glicemia, muito utilizado em ambulatórios ou às vezes na própria casa dos pacientes que compram os dispositivos, os glicosímetros na farmácia para realizar esses testes em casa. Outros foram os testes para Covid, que teve uma legislação específica, permitindo e orientando a realização desses exames na época da pandemia pela própria situação, onde o número de casos era muito grande, e no intuito de desafogar os serviços de saúde e de auxiliar a população no acesso a esses exames. Então foi permitido que se realizasse esse exame em farmácia.


- O que a norma leva em consideração para ter mudado? Por que agora farmácias e consultórios seriam capazes de fazer estes exames?
A norma leva em consideração alguns pontos, mas principalmente, destacamos a tentativa de aumentar o acesso da população a exames de laboratório. Mas o que estamos alertando é que ter acesso ao exame não significa necessariamente que tenha acesso a um resultado adequado. Esse resultado precisa ser avaliado, precisa ser levado a conhecimento médico, uma conduta por vezes tem que ser tomada. Então, no máximo, esses testes rápidos de farmácia passam a servir apenas como uma triagem, um sinal de alerta. Mas essa triagem tem que ser vista com bastante cuidado, ou seja, um paciente que faz um teste de triagem ,  pegando o exemplo mais próximo de nós que foi a Covid, não se pode confiar plenamente no resultado negativo, achando que fica atestado de que não tem a doença. Quando vem um resultado negativo no início da doença, significa que ele não apresentou um teste positivo naquele momento, ou seja, o teste deve sempre ser avaliado posteriormente, conforme a necessidade clínica e a necessidade do paciente, para que a gente possa, sim, ter a sua real dimensão.