Mesa redonda “Laboratório em pediatria”, que ocorrerá no 55º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, em setembro, em São Paulo, pesquisadores discutirão como fazer diagnóstico, orientar tratamentos e o papel central dos exames laboratoriais no diagnóstico de nefrolitíase
Ocorrências de cálculo renal, as conhecidas pedras nos rins, em crianças, não são casos raros, ainda que não existam dados consolidados para a infância. As estatísticas mundiais para adultos demonstram que entre 4 e 8% da população vão desenvolver cálculo ao longo da vida. “Em crianças, não temos dados confiáveis, por isso, muitas vezes, o diagnóstico fica restrito”, ressalta o professor Adagmar Andriolo, que antecipa o papel fundamental do laboratório para auxiliar os médicos na investigação.
Médico formado pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e professor titular na mesma instituição, doutor em Patologia (USP), dr. Andriolo é uma das maiores referências no Brasil quando o assunto é medicina laboratorial. Uma das discussões que ele traz para essa edição do congresso brasileiro – que acontece em paralelo ao internacional – é o aspecto socioeconômico da nefrolitíase, a famosa pedra no rim.
“Uma das frentes que vamos tratar nessa mesa redonda é a diferença do tipo de acometimento da cálculos em crianças em países menos e mais desenvolvidos. Nos países menos desenvolvidos, as crianças têm, mais frequentemente, a formação de cálculo associado à infecção urinária, cálculos em porções mais baixas do trato urinário, ou seja, no ureter e na bexiga. Já nos países mais desenvolvidos, a formação de cálculo está mais relacionada a causas metabólicas, como erros inatos do metabolismo e distúrbios dietéticos, com formação de cálculos em posições mais altas das vias urinárias e nos rins”, explica ele.
Entre as anormalidades metabólicas citadas pelo médico, a hipercalciúria – alta excreção de cálcio na urina – é observada em cerca de 40% dos casos de formação de cálculos em crianças. De acordo com o professor, anomalias anatômicas, fatores ambientais, distúrbios genéticos e processos infecciosos também estão associados com os casos.
Conforme avalia dr. Andriolo, esse perfil de adoecimento está relacionado com o desenvolvimento socioeconômico do país e não necessariamente com a faixa etária, já que a doença se comporta da mesma maneira em jovens e adultos. Segundo o professor, isso está diretamente conectado com a falta de acesso a serviços de saúde pública.
“Em países como o Brasil, muitas vezes, as infecções urinárias não são tratadas como deveriam. Os pacientes não chegam a ter acesso aos antibióticos ou não fazem o tratamento pelo tempo necessário para acabar com a infecção”, relata.
Diagnóstico: Anamnese e exames laboratoriais
A dificuldade no diagnóstico se dá justamente pelo fato de que pacientes pediátricos não conseguem se expressar muito bem verbalmente. Por esta razão, o professor reforça a necessidade de o médico traçar o histórico de saúde familiar, atentando para o fato de haver familiares com cálculos ou doenças renais.
“Além do exame físico detalhado, o médico também deve se informar sobre hábitos alimentares e de ingestão de água da criança, bem como a ocorrência de infecção urinária de repetição”.
Quando há suspeita clínica, a tomografia de abdômen e o exame de urina de rotina são os mais eficazes na detecção, independentemente da posição em que se encontram os cálculos.
O médico ressalta a importância de se obter o cálculo para avaliar sua composição química, o que pode orientar o tratamento. Exames mais específicos devem ser realizados após ter passado a crise aguda e têm a finalidade de avaliar o metabolismo, principalmente, ou seja, as substâncias que formam a pedra, que podem ser, em sua maioria, cálcio, oxalato e ácido úrico. Em função disso, as dietas são propostas de forma mais assertiva.
Tratamento:
O tratamento depende da natureza e da causa do cálculo, mas o aumento da ingestão hídrica é uma orientação geral que auxilia muito no controle das recorrências. Além disso, a dieta com controle da ingestão de gorduras, sal e açúcar também são fundamentais.
Sobre o Congresso:
Entre os dias 5 e 8 de setembro, São Paulo vai sediar o 5º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial - maior congresso do setor na América Latina. O evento acontece em paralelo à 32º edição do Congresso Mundial da Associação Mundial de Sociedades de Patologia e Medicina de Laboratório (WASPaLM), reunindo os mais renomados profissionais da área, no PRO MAGNO Centro de Eventos. O 32º WASPaLM, reúne Sociedades de Patologia Clínica e Patologia da África, Ásia, América Latina, América do Norte e Europa.
Entre congressistas, visitantes, palestrantes e expositores, são esperadas cerca de 4 mil pessoas vindas do Brasil, América Latina, Estados Unidos, Europa e Ásia, com programação pré-congresso já no dia 4 de setembro, com diversos cursos. No congresso, a partir do dia 5, os participantes terão acesso a mais de 100 atividades entre conferências, mesas redondas, estudo de casos clínicos com especialistas brasileiros e estrangeiros.
Além disso, o espaço do evento com mais de 4 mil metros quadrados, dará lugar a 90 empresas expositoras e marcas do setor, comprometidas com as inovações do setor de laboratórios clínicos.
Entre os palestrantes das Conferências Magnas estão o presidente da Associação Mundial de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, Roberto Verna, que vai falar de um assunto que frequentemente está nas manchetes dos jornais: dopping. Outros temas – não menos urgentes - que também serão abordados nas Palestras Magnas: Cenário Atual e Controle das Pandemias no Mundo, com Denise Cardo; Metodologias dos testes diagnósticos em doenças hematopoiéticas presente-futuro, por Robert S. Ohgami e Os impactos da Inovação para a sustentabilidade do laboratório e para a experiência do cliente, com Krystin Poitier.
Confira no site e no app a grade completa de Mesas Redondas, Encontro com Especialistas, Cursos Pré-Congresso, Atividades de Empresas, entre outros eventos, como cerimônia de abertura, festa de encerramento e palestra sobre liderança, com a atriz Denise Fraga (e patrocínio da CBDL).