Em 14 de março, celebramos o Dia Mundial do Rim, e neste ano, a campanha está dedicada à promoção da equidade no acesso ao diagnóstico e tratamento da Doença Renal Crônica (DRC). A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) une forças com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) nesse empenho.

A campanha de 2024 busca ampliar o acesso ao exame de creatinina, um procedimento acessível, custando em média R 11, e coberto por planos de saúde. Maria Gabriela, médica patologista clínica e especialista da SBPC/ML, explica que a dosagem de creatinina pode ser determinante para sinalizar problemas renais em estágios iniciais

"A avaliação da creatinina no sangue é um indicador crucial da saúde renal e para a progressão da doença crônica renal, que afeta mais de 150 mil pessoas no Brasil, reforçou, acrescentando que esse é um exemplo de como a patologia clínica tem papel essencial no diagnóstico precoce de doenças, especialmente da doença renal, notoriamente silenciosa e raramente manifesta sinais antes de atingir estágios avançados

De acordo com Maria Gabriela, embora existam opções mais precisas, como o teste de Cistatina C, a medição de creatinina é uma opção acessível que deve ser solicitada anualmente por profissionais de saúde em check-ups regulares. "Este simples hábito pode fazer a diferença entre a detecção precoce e a evolução silenciosa da doença renal", ressaltou a patologista clínica da SBPC/ML.
 


Monitoramento Renal e Diagnóstico Precoce

O acompanhamento da função renal é crucial para identificar precocemente possíveis problemas. Um aumento nos níveis de creatinina no sangue indica dificuldade dos rins em filtrar essa substância muscular, sinalizando a necessidade de exames adicionais para o diagnóstico definitivo da doença renal crônica, considerando-se elevado, em geral, quando ultrapassa 1,2mg/dL em homens e 1,0mg/dL em mulheres – este valor pode variar ligeiramente entre os laboratórios.

Além da creatinina, que reflete a taxa de filtração glomerular estimada, a ureia é outro exame importante, sendo resultados anormais frequentemente os primeiros indícios de uma doença renal. Estes dois exames são dosados no sangue, em uma simples coleta venosa, e não requerem jejum para sua realização. Para completar o rastreio de doença renal na população em geral, recomenda-se também a análise da urina para verificar a presença de hemácias, leucócitos ou proteínas. Em pacientes com doenças que sabidamente predispõem a doença renal, como diabetes ou hipertensão arterial, a pesquisa anual de microalbuminúria é essencial para detectar lesões renais iniciais. 

O acompanhamento periódico dos níveis sanguíneos de ureia e creatinina é vital para pacientes com lesão renal, auxiliando no monitoramento da evolução da doença. Doenças renais também podem impactar os níveis de cálcio, fósforo e eletrólitos no sangue e na urina. O hemograma avalia a anemia decorrente da falta de eritropoietina, hormônio renal estimulador da produção de hemácias. A proteinúria é utilizada para avaliar o tratamento na síndrome nefrótica, enquanto o paratormônio (PTH) pode estar elevado em doenças renais.

Nestes casos, é utilizado o clearance de creatinina, ou depuração da creatinina, um exame utilizado para o monitoramento mais preciso da função renal – e é a dosagem é realizada no sangue e na urina. Este tipo de coleta de urina exige alguns cuidados: higienização adequada, descarte da primeira urina do dia e a coleta de amostras ao longo de 24 horas, armazenadas em um frasco fornecido pelo laboratório. Em alguns casos, o especialista pode orientar restrições alimentares no dia anterior ao ciclo de coleta.