Com o objetivo de sensibilizar e educar o público a respeito da importância do uso racional de medicamentos para prevenir a resistência aos antimicrobianos e promover a integração da atenção à saúde e vigilância, a coordenadora-geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis do Departamento de HIV, Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis (Cgist/Dathi/SVSA/MS), Pâmela Gaspar, participou do webinário “Uso Racional de Antimicrobianos”. O evento foi realizado pela Coordenação-Geral de Laboratórios de Saúde Pública do Ministério da Saúde (Cglab/SVSA/MS), na última semana.

Durante sua apresentação, Pâmela Gaspar destacou dados referentes à vigilância sentinela da resistência do gonococo – bactéria responsável pela infecção da gonorreia – aos antimicrobianos no Brasil. Ao dar um panorama geral sobre a infecção sexualmente transmissível (IST), a coordenadora lembrou que a gonorreia tem classificação de prioridade nº 2 na Organização Mundial da Saúde (OMS) para investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos tratamentos, estando sob alerta mundial devido ao alto número de casos e desenvolvimento de  resistência à medicamentos.

Projeto SenGono (Sentinela do Gonococo) foi o destaque da apresentação. Fruto de uma parceria entre o Ministério da Saúde, gestões estaduais e municipais, sítios sentinelas (serviços de atenção à saúde e laboratórios locais) e o Laboratório de Biologia Molecular, Microbiologia e Sorologia da Universidade Federal de Santa Catarina (LBMMS/UFSC), o projeto é responsável pela vigilância da sensibilidade do gonococo aos medicamentos antimicrobianos à nível nacional. Atualmente, as atividades do SenGono estão previstas no âmbito da vigilância sentinela do corrimento uretral másculo, que é uma estratégia implantada no Sistema Único de Saúde através de portaria.

 

Segundo Pâmela Gaspar, as ações para o monitoramento da sensibilidade do gonococo aos antimicrobianos (SenGono) está na sua terceira edição, com avanços significativos na resposta do Brasil à infecção pelo gonococo. Entre esses avanços, estão o sequenciamento do genoma completo das cepas da primeira e segunda edição, consistindo na vigilância genômica da infecção, além de atualizações em protocolos de tratamento a partir dos resultados obtidos com a vigilância do gonococo.

Destacou ainda, de forma completar, outras iniciativas desenvolvidas em âmbito nacional que também contribuem para o uso racional dos antimicrobianos, como a determinação da prevalência das IST que não são de notificação compulsória no país; instituição de testes diagnósticos moleculares no SUS para detecção de clamídia e gonococo, tanto do tipo laboratorial, que já está implantando em âmbito nacional, como de biologia molecular rápida, cuja implantação piloto encontra-se em andamento em alguns serviços do país.

Ao concluir a apresentação, ela exibiu o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (PCDT-IST). O documento traz orientações a respeito do tratamento antimicrobiano da gonorreia e outras ISTs. “Foi feita a avaliação da qualidade desse documento e o comparamos com as diretrizes internacionais da OMS para verificar pontos de melhoria. É importante que mantenhamos o PCDT sempre atualizado”.

As demais palestras do evento abordaram cuidados e medidas com o uso racional de antimicrobianos, além do papel dos farmacêuticos e dos laboratórios no combate à resistência a esse tipo de medicamento. Além de Pâmela Gaspar, estiveram presentes representantes do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF/Setics/MS), da Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde (GVIMS/GGTES/Anvisa), do Conselho Federal de Farmácia (CFF) e da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML).

 

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