A conferência “Particularidades laboratoriais do paciente transgênero: do atendimento à liberação dos resultados”, ministrada pelas Dras. Luisane Maria Falci Vieira, coordenadora do Comitê de Gestão da Qualidade da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) e coordenadora do Posicionamento das Sociedades para a inclusão de pacientes transgênero; Tayane Muniz, médica endocrinologista e Derliane de Oliveira, farmacêutica-bioquímica falou sobre o desafio do laboratório clínico para atender o paciente transgênero, trazendo o respeito ao indivíduo, mas também a correta avaliação dos marcadores para que o resultado dos exames sejam fidedigno, durante o 54º CBPC/ML – Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial.

 

Em primeiro lugar, a Dra. Luisane colocou a importância de entender os conceitos e as definições básicas para a compreensão do universo para população transgênero e não-binária. Uma questão muito importante salientada foi o respeito ao nome de preferência ou nome social.  O atendimento do laboratório deve sempre perguntar a qualquer pessoa "qual nome você prefere que eu use?".

Da mesma forma, é preciso atentar-se no preenchimento dos dados cadastrais a diferença entre “sexo”, um dado biológico habitualmente binário, e “gênero de escolha”, com o qual o indivíduo se identifica. Pode ser, inclusive, que não se identifique com gênero algum (fluido, não-binario, por exemplo). Apesar do tratamento seguir respeitando o gênero de identificação do paciente sempre que o atendente for relacionar-se com ele, é muito importante explicar algumas particularidades dos laboratórios.

A principal delas é que no laboratório os Intervalos de Referência, que servem de apoio para identificar um diagnóstico, são diretamente relacionados ao sexo biológico do indivíduo, pois foram determinados em homens e mulheres cis. 

Outro ponto fundamental é sobre comunicar o uso de medicação como hormônios, comumente usados por esta população para adquirirem características do gênero de identificação. Isso porque os hormônios, como testosterona, por exemplo, interferem na leitura dos exames e o médico patologista clínico precisa desta informação a fim de concluir um laudo correto.

“Está oficialmente aberto o 54º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (CBPC/ML)”, disse a Dra. Marinês Dalla Valle Martino, no início da noite da última terça-feira (4/10), em Florianópolis. O evento será realizado até o dia 7/10, e tem o macrotema “A Patologia Clínica/Medicina Laboratorial como protagonista no apoio à decisão no diagnóstico”.

 

Fizeram parte da mesa de abertura A Dra. Marinês; o Dr. Fábio Brazão, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML); o Secretário Municipal de Saúde, Dr. Carlos Alberto Justo da Silva; a coordenadora executiva do 54º CBPC/ML, Dra. Cássia Zoccoli; o coordenador da comissão cientifica do evento, o Dr. Leonardo Vasconcellos; o membro da comissão de julgamento dos temas livres, Dr. Adagmar Andriolo; o presidente do conselho dos ex-presidentes da SBPC/ML, Dr. Carlos Eduardo dos Santos Ferreira; o representante da World Association of Societies of Pathology and Laboratóry Médicine (WASPaLM), Dr. Nairo Sumita; a presidente da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas, Dra. Maria Elizabeth Menezes; o presidente da Confederação Nacional de Saúde, Dr. Breno Monteiro e o representante do presidente do conselho regional de Medicina, Dr. Anastácio Kotzias Neto.

Após a execução do hino nacional, entoado pelo violinista Fernando Bresolin, o Dr. Brazão agradeceu ao Dr. Adagmar Andriolo, que abriu as portas para ele na Faculdade Paulista de Medicina, e a sua mãe, Dr. Ruth Brazão, cujo laboratório que o médico atua leva seu nome.  

O médico salientou que, em 2019, a SBPC/ML realizou a última edição presencial do CBPC/ML antes da pandemia e, nesse momento, gostaria de prestar suas condolências às famílias dos colegas que faleceram em tal período.

Ele mencionou que, no na pandemia a entidade precisou fazer tudo diferente, mas cumpriu seu papel de salvar vidas e aproveitou para parabenizara todos os profissionais da saúde que estavam presentes por isso.

“Este ano, a SBPC/ML completa 78 anos com gás total. Voltamos a fazer o congresso de forma híbrida, fizemos dois Encontros de Sociedades Médicas presencialmente, além de estarmos presentes em diversos eventos e participando de importantes decisões junto a órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na decisão da RDC 302”, explicou. 

O Dr. Brazão, agradeceu aos colegas da diretoria da entidade, os coordenadores dos comitês científicos, o conselho fiscal, os colaboradores da sociedade e do laboratório em que atua, a sua família, os organizadores do evento e aos mais de quatro mil inscritos para participar dele. 

Por fim, ele apresentou os novos patologistas clínicos: Érico Bandeira Veríssimo, João Nóbrega de Almeida Jr., Leandro da Silva Fernandes e Luiz Gustavo Ferreira Côrtes.

Em sua fala, o Dr. Carlos Eduardo prestou homenagem aos novos membros eméritos (associados titulares que contribuíram para a SBPC/ML por 15 anos consecutivos), sendo eles: os Drs. João Batista Luna Filho, Tereza de Jesus Pinheiro Gomes Bandeira

José Hilario Ribeiro Grilo, Laszlo Fock, Lucia Helena Cavalheiro Villela, Paulo Roberto Gazen Saad, Raimundo Tadeu Pires Sobreira e José de Moura Campos Neto.

A Dra. Marinês cumprimentou aos diretores da SBPC/ML, coordenadores dos comitês científicos, seu marido e sua filha e disse: “estamos de volta! Após a pandemia, retornamos com este que é o maior evento de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial da América Latina. Essa é uma sociedade que verdadeiramente me representa. Também gostaria de lembrar a perda dos nossos queridos amigos nesse tempo que ficamos online”.

A finalização do evento se deu com a apresentação da banda Mersey Beat, com o show Beatles sinfônico, com tributo a banda britânica. 

A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBCP/ML) apresentou, na última terça-feira (4/10/2022), o novo site da entidade durante o 54º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (CBPC/ML). O novo projeto está mais cleam, organizado e os usuários poderão contar com uma melhor experiencia ao acessar as páginas.

Hoje (5/10/2022), a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBCP/ML) lançou a publicação impressa da Norma PALC 2021.

Conforme definido pelo Dr. Guilherme Ferreira, diretor de Acreditação da SBPC/ML (biênio 2022/2023), a Norma PALC 2021 está harmonizada com as melhores práticas internacionais em medicina laboratorial, incluindo: Diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), Norma ISO 15189: 2015 e ISQua Standard (5th Ed. Version 1.0., 2018), assim como encontra-se atualizada frente a legislações e regulamentos nacionais. 

Houve, também, a criação de 19 novos subitens distribuídos nos itens de Organização Geral e Gestão (1.11), Gestão do Sistema da Qualidade (2.10), Gestão de Exames Prioritários (10.1 a 10.13), Gestão do Sistema de Informações Laboratorial (16.2) e Gestão dos Riscos e da Segurança do Paciente (17.14, 17.15).

A norma atualizada agrega valor aos laboratórios acreditados, provocando o aprimoramento continuado do Sistema de Gestão destas organizações, visando maior competitividade, sustentabilidade, regularidade frente à legislação e regulamentos e ganhos efetivos para a segurança dos pacientes.

Assista ao vídeo a seguir e veja a importância de um laboratório ter a acreditação PALC: http://www.sbpc.org.br/programas-da-qualidade/video-do-programa-de-acreditacao-de-laboratorios-clinicos-palc-2/

A mesa redonda "Biomarcadores da função renal: do velho ao novo", do 54º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (CBPC/ML), discutiu alguns marcadores e procedimentos classicamente utilizados para a avaliação das funções renais e apresentou dois novos marcadores, ainda pouco difundidos em nosso meio. 

Os Drs. Adagmar Andriolo, editor Chefe do Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial (JBPML) e membro da Academia de Medicina do Estado de São Paulo (AMESP); Kaline Nogueira de Lucena, médica Patologista Clínica pela FMUSP e presidente Regional da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial SBPC/ML) do Rio Grande do Norte; Flavio Ferraz, diretor médico e sócio-diretor do Instituto de Análises Clínicas de Santos (IACS) e Bento Fortunato, coordenador Médico do Centro de Dialise Einstein e Nefrologista do Hospital Israelita Albert Einstein, enfatizaram a importância em se detectar, precocemente, e de forma muito precisa, qualquer grau de lesão renal.

As doenças renais incluem uma série de condições clínicas agudas e crônicas, sendo que a medicina laboratorial oferece recursos relevantes para diagnóstico precoce, definição de risco, estadiamento, estabelecimento de prognóstico e monitorização. Os parâmetros de maior significância são a medida ou estimativa da taxa de filtração glomerular e a avaliação da perda proteica na urina pela medida de albumina ou de proteínas totais.

Foi discutido, inicialmente, o papel da ureia, o primeiro marcador de função renal. Ela é o maior produto final do catabolismo das proteínas nos seres humanos, sendo a forma de eliminação de, aproximadamente, 75% de todo o nitrogênio produzido pelo organismo. Dadas as características de produção e forma de eliminação do organismo, apesar de historicamente ser utilizada, a ureia não é um bom marcador de doença renal, sendo amplamente superada pela medida da concentração de creatinina.

A Cistatina C é uma proteína de baixo peso molecular e, diferentemente da creatinina, mais comumente utilizada, tem a concentração no soro menos dependente da idade, sexo, etnia, dieta e massa muscular, sendo mais sensível para a avaliação da função de filtração glomerular. No caso da N-GAL, (Lipocalina Associada à Gelatinase Neutrófila), proteína ligada à gelatinase que possui elevada sensibilidade e se altera de dois a quatro dias antes da creatinina.

Os palestrantes concluíram que os exames laboratoriais disponíveis hoje são suficientemente adequados para monitoramento do paciente com algum grau de doença renal já instalada, identificando, com alguma fidelidade, variações da atividade de lesão, mas possuem baixa sensibilidade para o diagnóstico precoce da doença renal incipiente.